26/02/2009

Água
Simbolismo


Nossas sensações agradáveis não são mais que diversas maneira de fluir internamente os movimentos da Água Primordial que em nós habita. As águas abissais são o subconsciente, o gelo é o estancamento em seu mais alto grau. Cada forma de água é uma faceta simbólica.

Na China é o caos primordial que contém a totalidade das manifestações. É simbolo da sabedoria: a água é livre e sem nós. A principal metáfora do taoísmo é a água, que se adapta e é tão flexível como o sábio: quando encontra uma abertura, se arremessa; quando chega a uma superfície, desliza; e sempre vai com perfeita e feliz naturalidade andando pela vida.

No Tibet, é símbolo do compromisso nas iniciações.

Na Gênese, é onde se encontra o sopro de Deus, e continuando com a Bíblia, é onde a rocha de Moisés brota como fonte de água viva. Ao lado de Cristo, como símbolo de vida eterna e purificação, que pelo batismo cria o homem novo. Mas também é símbolo de morte: seu desenrolar desordenado traz catástrofes e castigos: o Dilúvio, o fechamento do Mar Vermelho, etc. As águas calmas são criação, e as agitadas, destruição.

No panteão nahuatl (México) da américa pré-colombiana, seu simbolismo é também dual: as verticais, representadas pelo deus da chuva, Tlaloc, estão em relação com o fogo, criando entre os dois o reflexo ígneo das águas, que se denomina "a água queimada". Tlaloc está vinculado às paixões e à vitalidade. Está relacionado a Chalchiliutlicúe, deusa das águas horizontais, que sobe aos céus e desce fecundada pelo Sol para fertilizar a Terra. Em seu nome celebrava-se uma cerimônia de batismo, na qual o bebê era purificado pelas águas desta deusa virgem.

No Egito é essa mesma fonte de vida e fertilidade, projetada na Terra pelo rio Nilo. O rio que era considerado uma dádiva, reflexo do Nilo celestial, a Via Láctea.

Na Babilônia, como anteriormente no Súmer, é Oceano Primordial do qual se desprendem Apsu, a água doce, princípio masculino e fértil, e Tiamat, o princípio feminino das águas salgadas e caóticas, que ao ser fecundada por esse rio de águas doces, originam os Primeiros nascidos.

Na Grécia é a que fala: da fonte de Castália, em Delfos, emanava a água que inspirava e purificava Pitia.
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24/02/2009

O Eterno Buscador


Não se pode falar de filosofia sem falar do filósofo: não se pode falar do mundo das idéias sem falar do homem que é capaz de viver essas idéias. Assim, se tivéssemos que destacar uma das características fundamentais do filósofo, do homem de Sabedoria, diríamos que reúne as condições do eterno buscador. É um homem de conquista, que deixará de buscar quando, por fim, chegar à Sabedoria; e não sabemos se então buscará outras coisas, hoje incompreensíveis e inacessíveis para nós.

O filósofo é como um detetive que segue pelos campos e bosques, pelas montanhas e pelos rios da vida, atrás de alguns vestígios muito especiais. Busca o conhecimento real de todas as coisas. Busca-se a si mesmo. Busca a Verdade, Busca, em uma só palavra a Deus como raiz universal.

Mas por que é tão longo e difícil o caminho? Por acaso a Verdade não está neste mundo em que vivemos? É por que Deus não se deixa ver por aqui? É necessário atravessar um infinito deserto nossa vida manifestada, nosso contexto histórico, nossas circunstâncias para encontrar o que buscamos para além das fronteiras? Não.

Cremos que Deus e a Verdade estão neste mundo, em nosso ambiente, em nossas conquistas, e em nossas dificuldades. Mas estão cobertos por uma espessa camada de lodo. Estão escondidos sob figuras grotescas, a tal ponto que em muitas ocasiões a mentira ocupa o lugar da Verdade sem que aparentemente nada possa desmascará-la; e o vazio interior e a incredulidade ocupam o lugar dos impulsos naturais do espírito humano.

A habilidade do filósofo buscador consiste em encontrar aqui e agora, em meio à ignorância e aos horrores, em meio às armadilhas e à obscuridade, aquelas realidades ocultas que esperam o esforço de homens valentes para chegar a resplandecer com todo o seu poder.

Impõe-se buscar sem cansaço, sem desperdiçar a menor oportunidade de descobrir a luz entre a escuridão, de encontrar umas gotas de felicidade ainda que em meio aos infortúnios, uma partícula de Verdade entre tanta desorientação.

O importante é a meta, é usar os sentidos e a inteligência como guias para chegar a ela.
O que sabe o que busca e como fazê-lo, esse é o Filósofo.

Délia Steinberg Guzmán
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22/02/2009

Canto da Criação do Mundo


No começo, nada era ou deixava de ser;
não havia atmosfera, nem firmamento acima dela.
Quem tomava conta do mundo, quem o delimitava?
Onde ficava o profundo abismo, onde ficava o mar?

Ainda não havia morte nem imortalidade,
a noite não existia, não se conhecia o dia.
No vento estático da primordialidade
palpitava o Único, além do qual nada existia.

As trevas cobriam o mundo inteiro,
um oceano sem luz, perdido na noite.
Então nasceu pela dolorosa força do fogo
o que estava oculto na casca, o Único.

Dele emergiu, como primeiro fruto, o amor,
germe da semente do entendimento.
As pequisas dos sábios revelaram que as raízes da vida
haviam brotado dos impulsos do coração.

Estendendo de um lado a outro seus instrumentos
de medida, o que era embaixo, o que era em cima?
Havia portadores de sementes, forças que se moviam;
autogênese embaixo, expectativa em cima.

Mas quem conseguiu chegar ao fim das pesquisas?
Quem descobriu onde se originou a Criação?
Os deuses surgiram depois dela,
portanto, como saber de onde vieram?

Ele, que criou tudo o que existe,
e contempla sua obra do trono celeste,
aquele que a fez, ou não a fez,
este sabe tudo -ou será que também não sabe?

Rigveda (antes de 1000 A.C.)
Escrito Sagrado dos Hindus
Dos Vedas
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17/02/2009

Carta de fundação


I. Reunir os homens e mulheres de todas as crenças, raças e condições sociais em torno de um ideal de fraternidade universal.
II. Despertar uma visão global através do estudo comparativo de filosofia, ciências, religiões e artes.
III. Desenvolver as capacidades do indivíduo para que possa integrar-se à natureza e viver segundo as características da sua própria personalidade.


Apresentamos princípios de união inspirados em formas de pensamento tais como o Pitagorismo e o Neoplatonismo, os quais, em sua época, proporcionaram autênticos avanços na civilização.


I. Fraternidade entre todos os homens.
É a união para além das diferenças.O respeito pelas diversas identidades e tradições faz com que cada um, por sua vez, sinta-se cidadão do mundo.

II.
Convivência entre as culturas.
É a prática da tolerância através de uma cultura integral, que permite relacionar todos os campos da criatividade e do pensamento.Esta integração torna compatível e complementar o que de início parecia em oposição.Procuramos harmonizar pessoas, idéias e sentimentos novos e diferentes, dentro de um conjunto social mais rico e aberto.

III. Desenvolvimento da capacidade espiritual do indivíduo.
O ser humano está integrado à natureza e tem um potencial que ele próprio desconhece. Assim, suas possibilidades de desenvolvimento são quase ilimitadas.
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