24/02/2009

O Eterno Buscador


Não se pode falar de filosofia sem falar do filósofo: não se pode falar do mundo das idéias sem falar do homem que é capaz de viver essas idéias. Assim, se tivéssemos que destacar uma das características fundamentais do filósofo, do homem de Sabedoria, diríamos que reúne as condições do eterno buscador. É um homem de conquista, que deixará de buscar quando, por fim, chegar à Sabedoria; e não sabemos se então buscará outras coisas, hoje incompreensíveis e inacessíveis para nós.

O filósofo é como um detetive que segue pelos campos e bosques, pelas montanhas e pelos rios da vida, atrás de alguns vestígios muito especiais. Busca o conhecimento real de todas as coisas. Busca-se a si mesmo. Busca a Verdade, Busca, em uma só palavra a Deus como raiz universal.

Mas por que é tão longo e difícil o caminho? Por acaso a Verdade não está neste mundo em que vivemos? É por que Deus não se deixa ver por aqui? É necessário atravessar um infinito deserto nossa vida manifestada, nosso contexto histórico, nossas circunstâncias para encontrar o que buscamos para além das fronteiras? Não.

Cremos que Deus e a Verdade estão neste mundo, em nosso ambiente, em nossas conquistas, e em nossas dificuldades. Mas estão cobertos por uma espessa camada de lodo. Estão escondidos sob figuras grotescas, a tal ponto que em muitas ocasiões a mentira ocupa o lugar da Verdade sem que aparentemente nada possa desmascará-la; e o vazio interior e a incredulidade ocupam o lugar dos impulsos naturais do espírito humano.

A habilidade do filósofo buscador consiste em encontrar aqui e agora, em meio à ignorância e aos horrores, em meio às armadilhas e à obscuridade, aquelas realidades ocultas que esperam o esforço de homens valentes para chegar a resplandecer com todo o seu poder.

Impõe-se buscar sem cansaço, sem desperdiçar a menor oportunidade de descobrir a luz entre a escuridão, de encontrar umas gotas de felicidade ainda que em meio aos infortúnios, uma partícula de Verdade entre tanta desorientação.

O importante é a meta, é usar os sentidos e a inteligência como guias para chegar a ela.
O que sabe o que busca e como fazê-lo, esse é o Filósofo.

Délia Steinberg Guzmán
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