22/02/2009

Canto da Criação do Mundo


No começo, nada era ou deixava de ser;
não havia atmosfera, nem firmamento acima dela.
Quem tomava conta do mundo, quem o delimitava?
Onde ficava o profundo abismo, onde ficava o mar?

Ainda não havia morte nem imortalidade,
a noite não existia, não se conhecia o dia.
No vento estático da primordialidade
palpitava o Único, além do qual nada existia.

As trevas cobriam o mundo inteiro,
um oceano sem luz, perdido na noite.
Então nasceu pela dolorosa força do fogo
o que estava oculto na casca, o Único.

Dele emergiu, como primeiro fruto, o amor,
germe da semente do entendimento.
As pequisas dos sábios revelaram que as raízes da vida
haviam brotado dos impulsos do coração.

Estendendo de um lado a outro seus instrumentos
de medida, o que era embaixo, o que era em cima?
Havia portadores de sementes, forças que se moviam;
autogênese embaixo, expectativa em cima.

Mas quem conseguiu chegar ao fim das pesquisas?
Quem descobriu onde se originou a Criação?
Os deuses surgiram depois dela,
portanto, como saber de onde vieram?

Ele, que criou tudo o que existe,
e contempla sua obra do trono celeste,
aquele que a fez, ou não a fez,
este sabe tudo -ou será que também não sabe?

Rigveda (antes de 1000 A.C.)
Escrito Sagrado dos Hindus
Dos Vedas
.

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