19/04/2009

Afrodite
Mitologia


Deusa grega do amor, da beleza, símbolo da fertilidade e feminilidade. Era uma das 12 divindades gregas do Olimpo. Sua correspondente na mitologia romana é Vênus.
A versão mais antiga de seu nascimento conta que, quando os órgãos sexuais de Urano, cortados por Cronos, caíram ao mar, uma espuma branca formou-se. Da espuma formada ergueu-se Afrodite.

Os ventos levaram-na à Chipre, onde as Hor
as a receberam. Foi então vestida, enfeitada, e conduzida para o Olimpo.

Encantadora, flores nasciam sob seus pés delicados. Era considerada a deusa da primavera.

No Olimpo, todos os deuses queriam desposá-la. Por ordem de Zeus, casou-se com Hefesto (deus do fogo), que de tão feio e coxo, dizem
que foi jogado pela mãe Hera ao mar.

Vênus dá leis ao céu, à terra, às ondas e a todas as criaturas vivas. "Foi ela que deu o germe das plantas e das árvores, foi ela que reuniu nos laços da sociedade os primeiros homens, espíritos ferozes e bárbaros, foi ela que ensinou a cada ser a unir-se a uma companheira. Foi ela que nos proporcionou as inúmeras espécies de aves e a multiplicação dos rebanhos. O carneiro furioso luta, às chifradas, com o carneiro. Mas teme ferir a ovelha. O touro cujos longos mugidos faziam ecoar os vales e os bosques abandona a ferocid
ade, quando vê a novilha. O mesmo poder sustenta tudo quanto vive sob os amplos mares e povoa as águas de peixes sem conta. Vênus foi a primeira em despojar os homens do aspecto feroz que lhes era peculiar. Dela foi que nos vieram o atavio e o cuidado do próprio corpo." (Ovídio) Com a finalidade de expressar as diferentes intensidades do amor, a filosofia platônica distinguiu Afrodite entre uma celeste, ou Urania, e outra terrena, ou Pandemo.

A primeira inspirava o amor universal, os sentim
entos nobres. A segunda representava a paixão física, por vezes até promíscua.

Afrodite na Arte


Os artistas apresentaram-na, geralmente, cercada de suas flores preferidas. Era especialmente ligada às conchas, que representavam os órgãos sexuais femininos.

Afrodite costuma ser acompanhada de um cortejo de servidores e de servas que encarnam os prazeres e o encanto do mundo, das quais a m
ais importantes são as Cárites e as Horas.

Sendo a ilha de Cítera sua primeira pátria e um dos centros mais tradicionais de seu culto, a expressão "viagem a Cítera" tornou-se uma metáfora usual para a paixão amorosa e para o ato sexual.

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18/04/2009

Epícteto
Uma Breve Biografia


Nascido escravo na década de 50 d.C., na cidade de Hierápolis, Frígia (atual Turquia), foi um dos principais filósofos do estoicismo.

Consta que recebia maus tratos de seu senhor, Epafrodito, e que um dia este lhe quebrou uma das pernas para passar o tempo. Mas Epícteto não se revoltou com a condição de escravo. Dizia que em qualquer situação há várias possibilidades de crescimento. E que se desejarmos paz, a aceitação dos acontecimentos na ordem em que eles ocorrem é fundamental.

De acordo com o filósofo, entende-se por aceitar os acontecimentos uma atitude ativa, com a consciência de que, ao vivenciá-los, as ações empregadas sejam harmonizadas com a natureza, com o divino. Indiferença e inércia são egoísmos que não tem relação com a tolerância (estoicamente, sem perturbação) diante desses acontecimentos.

Para Epícteto as coisas pertencem a duas categorias: as que dependem de nós, e as que não dependem de nós.

Sob o nosso controle está o que podemos influenciar diretamente, o que está naturalmente à nossa disposição sem restrições, como o nosso bem e mal, nossas opiniões e aspirações. Fora do nosso controle está o que é circunstancial, por exemplo, as honras, a forma do corpo, a maneira como os outros nos vêem e as riquezas.

Não se sabe ao certo o motivo nem a data de sua alforria. Em 93 foi exilado, junto com outros filósofos residentes em Roma, pelo imperador Domiciniano. Nicópolis, noroeste da Grécia, foi seu destino. Lá morou numa pequena cabana e abriu uma escola de filosofia, onde lecionou até o final de sua vida.

Como Epícteto não deixou nenhum escrito, o que se sabe a respeito dele e de seus ensinamentos é responsabilidade de Flávio Arriano, um de seus alunos, que compilou as aulas do mestre em Discursos e Manual.

Foi um filósofo que não apenas proferiu belas e eloqüentes palestras. Pelo contrário, não apreciava o discurso pelo discurso e viveu de acordo com o que ensinava.

Pensadores da arte de viver como Rousseau, Nietzsche, Spinoza e Marco Aurélio foram influenciados por seus ensinamentos.

Epícteto morreu por volta de 135 d.C, em Nicópolis.

Nota: Para os estóicos, a filosofia é menos exercício intelectual do que modo de vida.

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Epícteto e seus Pensamentos


Quando você se ofender com as faltas de alguém, vire-se e estude os seus próprios defeitos. Cuidando deles, você esquecerá a sua raiva e aprenderá a viver sensatamente.

Os que buscam a Sabedoria acabam compreendendo que, embora o mundo às vezes nos recompense por motivos errados ou superficiais, o que realmente importa é quem somos essencialmente e como estamos evoluindo.

É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.

Não fale sobre suas aspirações espirituais com pessoas que não as apreciarão. Mostre seu caráter e seus compromissos com dignidade pessoal somente através de suas ações.

Dentro da Ordem Divina, cada um de nós tem um compromisso particular. Descubra qual é o seu e siga-o fielmente.

Siga todos os seus impulsos generosos. Não os questione, especialmente quando um amigo precisar de você. Aja em benefício dele. Não hesite!

A vida não é uma série de episódios aleatórios e sem sentido, mas um todo ordenado e refinado que segue leis, em última análise, compreensíveis.

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15/04/2009

Com vocês, nossos músicos acropolitanos do Peru!





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14/04/2009

A Repetição
Délia Steinberg Guzmán


Embora esta palavra possa conter conotações psicológicas de "aborrecimento", o certo é que a repetição é uma das armas mágicas de que se serve a Natureza. Mais do que de repetição, deveríamos falar de reiteração, daquilo que nos obriga a voltar várias vezes sobre as mesmas coisas até ficarem devidamente assimiladas. Em oposição ao valor pedagógico da reiteração, o nosso mundo atual exalta as novidades e o que muda constantemente. Porem, não é preciso muita perspicácia para constatar que por esse caminho não se chega a lado nenhum.

Façamos uma breve análise de uma e de outra atitude: a mudança e a reiteração.

O variável é uma triste máscara com que se encobre a ignorância.

O que pouco ou nada sabe julga que na variedade está a demonstração do seu domínio sobre muitas coisas. No entanto, uma breve analise leva-nos à conclusão de que, geralmente, essas muitas coisas são dominadas superficialmente e mal.

Hoje começa-se uma coisa, amanhã outra... Hoje lê-se um livro, amanhã outro... Hoje mergulha-se em alguma doutrina filosófica, amanhã noutra... Hoje sente-se simpatia por uma determinada personagem, amanhã por outra... Hoje trabalha-se por umas idéias, amanhã por outras...

Lança-se também o conceito ambíguo de “criatividade”, quando, na realidade, é preciso saber para criar, e saber custa tempo e repetições. Fala-se de uma espontaneidade que deve governar os atos humanos para que cada um exprima aquilo “que vem do seu interior”. Mas, a que “interior” nos referimos? Mal se passa a barreira do corpo começa “o interior”, e aí podemos encontrar desde paixões aberrantes até êxtases místicos... Se se trata de “exprimir”, haverá que exprimir o melhor que possuímos, criar na base do melhor que somos, pois o pior já se manifesta sem que lhe exijamos demasiado.

Há que enfrentar, a partir deste ponto de vista, uma obra de construção humana, onde a variabilidade tem muito pouco que fazer. As grandes pirâmides egípcias que nos surpreendem pelo seu tamanho, foram levantadas com pedras muito semelhantes umas às outras, só que habilmente colocadas e dirigidas para o alto.

Na outra face da moeda encontramos a reiteração e vemos nela a Lei com que se maneja o Cosmos inteiro. Basta analisar, por exemplo, a lei do eterno retorno; basta tomas consciência dos ciclos de manifestação que fazem com que as coisas apareçam e desapareçam.

A Natureza repete incessantemente as suas estações, seus dias e noites; milhões de vezes a semente germina na terra da mesma maneira. E outros tantos milhões de vezes, o nosso espírito submerge-se na matéria procurando despertar para o seu verdadeiro Ser.

Como parte que somos da Natureza, não seguiremos, porventura, o mesmo ritmo?

Repetir, repetir, repetir... não por enfado, mas pela imperiosa necessidade da perfeição. O que repete não faz sempre o mesmo: fá-lo cada vez melhor, sente-se crescer em cada novo ato de aprendizagem.

Um outro exemplo de peso –para além do já mencionado exemplo da Natureza- é o conteúdo dos Textos Sagrados de todos os tempos. Umas poucas idéias fundamentais giram sob mil formas aparentemente diversas, apenas para criarem a ilusão da novidade, ou talvez para nos demonstrarem que no fundo existe uma única Verdade. A reiteração é o estilo predileto dos Grandes Mestres, nos que, modestamente, nos inspiramos.

Por que é que a Natureza se repete nos seus ciclos? Por que é que vimos tantas vezes à vida em novos corpos? Por que é que os ensinamentos espirituais nos reiteram sempre as mesmas idéias? A resposta é bem clara: porque ainda não aprendemos a lição, porque não assimilamos a experiência necessária, porque ainda estamos na ignorância e na evolução.

Tomando consciência deste fato abrimos possibilidades para uma verdadeira mudança. As mudanças não são deslocamentos laterais: a mudança definitiva é a que leva o homem verticalmente desde a sua obscuridade material até ao seu brilho espiritual. Mas para percorrer este caminho vertical há que assumir a Verdade; para chegar à Luz há que reconhecer as sombras; para chegar à meta há que dar muitos passos parecidos uns aos outros, enquanto avançamos na Senda um pouco mais para frente e um pouco mais para o alto.

Consideremos seriamente o valor da reiteração. Não desprezemos este ensinamento universal. Mas atenção: aquele que se limita apenas a repetir, acaba por se robotizar e odiar o que está a fazer; o que repete procurando a perfeição satisfaz-se com cada um dos seus atos, encontrando neles essa pequena parte de superação que encerram. Aquele que se limita apenas a repetir, perde habilidade cada dia que passa; o que procura a perfeição, é um pouco melhor todos o dias.

Quem se limita apenas a repetir, cumpre atos; quem procura a perfeição, realiza atos; quem se limita apenas a repetir, envelhece irremediavelmente e quem repete na procura da perfeição está cada vez mais próximo da juventude eterna, da “Afrodite de Ouro”.


Artigo escrito em Junho de 1992
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